Coordenado pelo Gabinete do Centro do Recife (RECENTRO), pertencente à estrutura da Prefeitura do Recife, e desenvolvido pela Agência Recife para Inovação Estratégica (ARIES), organização social sem fins lucrativos, o Plano do Centro do Recife surge com o objetivo de orquestrar estrategicamente a reabilitação da área central da cidade, com projetos e ações de curto, médio e longo prazos, sendo um documento cujo conteúdo é da sociedade e pretende ultrapassar ciclos e gestões de governo.
Apresenta uma Visão de Futuro alinhada ao PLANO RECIFE 500 ANOS, publicado em 2022 como um Plano abrangente de longo prazo para toda a cidade do Recife que figura como a primeira capital do Brasil a completar cinco séculos em 2037. Ainda, apresenta eixos de atuação estratégica (longo prazo) e tática-operacional (médio e curto prazos); projetos prioritários a serem executados; e, intervenções territoriais experimentais e permanentes desenhadas por diversos atores (públicos, privados e da sociedade civil).
A integração e o diálogo entre projetos e ações foram pensadas/os para se evitar intervenções e investimentos isoladas/os, descontextualizadas/os e/ou ineficazes; ao contrário, pretendem promover iniciativas eficientes dentro de um conjunto articulado e convergente de ações, num processo contínuo orientado ao alcance do objetivo maior proposto: a Reabilitação Urbana da Área Central do Recife.
Há diversos entendimentos sobre os limites do território que conformam/representam o Centro do Recife. Considerando os diferentes contextos, os desafios complexos e multifacetados e as potencialidades identificadas/os no presente, o Plano concentra-se prioritariamente na totalidade do Bairro do Recife e de Santo Antônio, e em parte dos bairros de São José, da Boa Vista e de Santo Amaro, cujos limites territoriais se conectam.
Algumas das iniciativas e/ou etapas desenvolvidas na construção do Plano são:
- Benchmarking
- Quais são as referências que temos?
- O que outras cidades podem nos ensinar?
Cidades que passaram por processos similares em seus centros urbanos, como Nantes (França), Medellin (Colômbia), Quito (Equador) e Rio de Janeiro (Brasil), trazem lições valiosas de iniciativas consideradas exitosas, no todo ou em parte, e podem contribuir para a estruturação de ações que, adaptadas ao contexto do Recife, podem integrar o conjunto de soluções do Plano.
- Diagnóstico
- Qual é a situação atual do Centro do Recife?
- Quais são os principais desafios a serem enfrentados?
A obtenção de respostas, ainda que provisórias, se deu mediante: o exame aprofundado de estudos e pesquisas pré-existentes ou que foram desenvolvidas durante o diagnóstico; oficinas com a sociedade e consultas (com pessoas, grupos ou entidades afetados/as ou interessados/as); e, oficinas técnicas com especialistas. Ao longo desse processo foram abordadas e avaliadas questões como: habitação multiclassista em áreas centrais; mudanças e permanências de vocações econômicas; dinâmicas sociais; preservação e conservação do ambiente e do patrimônio (material e imaterial cultural); infraestrutura urbana; mobilidade; segurança pública; capacidade de resposta às mudanças climáticas.
- Cenários alternativos e Visão de futuro
Quais são os cenários futuros que se desenham a partir das informações coletadas?
O que queremos para o futuro do Centro do Recife?
De que forma esses cenários influenciam o futuro que queremos para o Centro do Recife?
A análise dos dados e das informações coletados/as no Benchmarking e no Diagnóstico permitiram sistematizar tendências e fatos portadores de futuro (internos e externos – como a pandemia e a catalisação do processo de digitalização das relações – considerando a cidade do Recife, a RMR, o Estado de Pernambuco, o Nordeste, o Brasil, a América Latina e o mundo), incertezas críticas e hipóteses, que desenham cenários capazes de influenciar, tanto positiva quanto negativamente, aquilo que se deseja para o futuro e os esforços empreendidos na construção deste. Esse processo de análise leva a consolidação de uma Visão de Futuro que servirá de bússola para guiar os esforços rumo à transformação desejada.
- Estratégia
Como desenhar uma estratégia consistente para a Reabilitação do Centro do Recife?
A elaboração de um direcionamento estratégico conceitual (eixo estratégico) e de etapas tático-operacionais (eixo tático-operacional) de intervenção e ação no território se deu a partir da participação e colaboração como pilar fundamental. Mediante consultas públicas e ações participativas realizadas para envolver diversos setores (público, privado, sociedade civil) e garantir que as perspectivas e preocupações de todas as partes afetadas e/ou interessadas fossem levadas em conta. Isso promoveu um processo inclusivo e representativo na redefinição e revitalização do coração da cidade.
- Carteira de projetos
Que projetos podem ser considerados estratégicos para a Revitalização do Centro?
Uma extensa lista de projetos e ações (chamada Carteira de Projetos) foi construída a partir do processo participativo de escutas com os diversos atores envolvidos. Mediante posteriores novas oficinas populares e técnicas, foram eleitos projetos e ações articuladas e integradas consideradas prioritárias a serem implementadas nos próximos anos (consideradas estratégicas).
Alguns entendimentos prévios…
Esvaziamento das áreas centrais das cidades
O esvaziamento das áreas centrais é um fenômeno que vem ocorrendo em diversas cidades no Brasil e no mundo. A dinâmica de formação, reconfiguração e ocupação desses espaços são influenciadas por mudanças que ocorrem nas relações entre política, economia, cultura, sociedade, tecnologia.
Reabilitação Urbana
A reabilitação urbana é o processo de recuperação e adaptação dessas áreas urbanas consolidadas subutilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica urbana, criando condições e instrumentos necessários para conter os processos de esvaziamento de funções e atividades, repovoando essas áreas de forma multiclassista, com respeito às habilidades originais de cada área. Compreende restituir espaços e edificações ociosas, vazias, abandonadas, subutilizadas, insalubres e deterioradas, vislumbrando a melhoria dos espaços e serviços públicos, da acessibilidade e dos equipamentos comunitários.
Centralidade Urbana
A centralidade urbana pode ser entendida como: (I) espaço de maior acessibilidade, mais elevado preço do solo e maior especialização e diversidade das atividades; (II) espaço que concentra uma maior carga simbólica e melhor marca uma história relativamente longa de uma cidade, por vezes apenas coincidente com o centro de negócios; e, (III) área crítica carente de recuperação e adaptação de áreas urbanas consolidadas subutilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica urbana, criando condições e instrumentos necessários para conter os processos de esvaziamento de funções e atividades, repovoando essas áreas de forma multiclassista, com respeito às habilidades originais de cada área. A sobreposição dessas camadas, ou entendimentos de centro é o que conforma o entendimento sobre centralidade urbana.